A microbiologia industrial é uma das grandes aliadas do setor sucroenergético quando o assunto é desempenho, rendimento e segurança nos processos fermentativos. Embora sua atuação envolva diferentes áreas da indústria, é no contexto das usinas que sua aplicação estratégica se mostra essencial para garantir a eficiência produtiva — especialmente na etapa de fermentação alcoólica.
Neste artigo, vamos entender o que é microbiologia industrial, como o controle microbiológico pode ser feito por meio das técnicas de microscopia e de plaqueamento e porque esse controle é crucial para evitar contaminações que afetam diretamente a produtividade da usina.
O que é Microbiologia Industrial?
A Microbiologia Industrial é uma área da ciência que utiliza micro-organismos em processos industriais com o objetivo de produzir bens e serviços. Seu campo de atuação é amplo, englobando desde a fabricação de alimentos, bebidas e fármacos até a produção de biocombustíveis, como o etanol, e o tratamento de resíduos.
O foco está na aplicação de conhecimentos científicos para transformar microrganismos em ferramentas produtivas, aproveitando seu potencial biotecnológico para desenvolver produtos de interesse comercial, ambiental e social. É por isso que a microbiologia industrial também é chamada de biotecnologia microbiana.
Nas usinas, seu papel é especialmente importante na etapa de fermentação alcoólica, onde o bom desempenho das leveduras depende diretamente da ausência de bactérias contaminantes que competem pelos mesmos recursos.

Controle Microbiológico por Microscopia e Plaqueamento
Dentre as metodologias mais consolidadas para o monitoramento de microrganismos indesejáveis no processo fermentativo, destacam-se a Microscopia e o Plaqueamento.
A microscopia consiste em uma análise de resposta rápida, realizada por meio da observação de amostras retiradas diretamente das dornas de fermentação. Essa técnica possibilita a avaliação da viabilidade celular das leveduras, além da detecção e estimativa da carga bacteriana presente no processo.
Já a técnica de plaqueamento aplicada a materiais do processo fermentativo — como caldo, melaço, mosto e água — evidencia-se pela confiabilidade e praticidade operacional. Consiste na diluição das amostras e posterior inoculação em meios de cultura seletivos, voltados ao crescimento de microrganismos específicos, como bactérias ou leveduras, conforme o objetivo da análise (quantificação ou isolamento).
Após o período de incubação, as colônias microbianas formadas são quantificadas e, quando necessário, submetidas a procedimentos complementares para identificação das espécies presentes. Trata-se de uma metodologia amplamente empregada em protocolos de isolamento e diagnóstico microbiológico.
A integração dessas duas abordagens analíticas contribui significativamente para o controle microbiológico da fermentação, viabilizando intervenções pontuais e embasadas, com foco na estabilidade e eficiência dos processos produtivos.
A importância do controle microbiológico nas usinas
Contaminações microbiológicas em um processo fermentativo afetam diretamente a viabilidade das leveduras, reduzem o rendimento alcoólico e podem gerar perdas significativas para a usina. Bactérias invasoras consomem açúcares que deveriam ser transformados em etanol e liberam substâncias tóxicas que prejudicam o metabolismo das leveduras.
Além disso, certos tipos de contaminação provocam fenômenos como floculação, acidificação do meio e formação de goma, dificultando etapas como a centrifugação do vinho e o reaproveitamento da levedura.
A microbiologia industrial, quando aliada a ferramentas de controle como o plaqueamento, permite:
● Diagnóstico rápido e preciso de contaminações;
● Tomada de decisão embasada e eficiente;
● Aumento da produtividade e rendimento fermentativo;
● Redução do uso de antibióticos e adoção de métodos mais sustentáveis;
● Melhor aproveitamento da levedura, inclusive para a venda como subproduto.
Conclusão
A microbiologia industrial não é apenas uma ciência aplicada: é uma aliada estratégica para a operação eficiente das usinas. Métodos como a microscopia e o plaqueamento tornam visível o que acontece em nível microscópico, permitindo uma atuação precisa para prevenir ou corrigir falhas no processo fermentativo.
Com esse conhecimento, é possível transformar desafios microbiológicos em oportunidades de melhoria contínua — e isso se traduz em ganhos técnicos, econômicos e ambientais para o setor sucroenergético.